Como todos sabem, capital de giro é aquele montante utilizado pela empresa para rodar suas operações do dia a dia. Ele é o valor que permite à empresa, a extração dos resultados financeiros do negócio, os fluxos de caixa. A gestão de capital de giro está diretamente ligada à produção de fluxos de caixa, um depende diretamente do outro. Neste artigo, vamos tratar do relacionamento destes dois fatores que garantem a sobrevivência da empresa no longo prazo.
O que é capital de giro?
Capital de giro é basicamente, o volume de recursos necessários para girar as operações da empresa. Quase todas as companhias possuem um descasamento entre as datas de pagamento e recebimento, este “vácuo” temporal é preenchido pelo capital de giro. É importante frisar que o capital de giro somente se aplica aos recursos circulantes, nunca aos investimentos e imobilizações.
Para exemplificar, imagine uma fábrica de sapatos. Os gastos com insumos de produção, energia, mão de obra, etc. são pagos com capital de giro. Já os gastos com novas máquinas, treinamentos, reformas, etc. são pagos com capital de investimentos. A maior parte das dificuldades financeiras das empresas vêm com a exaustão do capital de giro, quando ele é utilizado para outros fins.
O crescimento da empresa deve ser financiado por capitais de longo prazo captados justamente para este fim. Gestores que recorrentemente antecipam créditos ou usam o caixa para girar o caixa, acabam complicando as finanças da organização. O fluxo de caixa acaba sendo um indicador de como tem sido feita a gestão do capital de giro empresarial.
Como medir o fluxo de caixa da sua empresa?
O fluxo de caixa das empresas é medido pela quantidade total de recursos financeiros gerados no período. Muitos empresários confundem lucro com caixa, é aí que as coisas começam a se complicar pois são conceitos completamente diferentes. Imagine que a firma A obteve a seguinte demonstração de resultado do exercício para um determinado mês.
Receita Bruta | 100.000,00 |
Deduções | 5.000,00 |
Receita Líquida | 95.000,00 |
Custo dos Produtos Vendidos | 30.000,00 |
Resultado Bruto | 65.000,00 |
Despesas Operacionais | 35.000,00 |
Resultado Operacional | 30.000,00 |
Despesas Financeiras | 8.000,00 |
Resultado Financeiro | 22.000,00 |
Imposto de Renda | 6.600,00 |
Lucro Líquido | 15.400,00 |
À primeira vista, pode parecer que o empresário embolsou os R$15.400 ainda dentro do exercício. Contudo, raramente todo o lucro econômico se converte em fluxo de caixa (dinheiro de verdade). Isso porque há a questão dos prazos praticados para pagamento e recebimento. Se a empresa vendeu de fato os 100 mil, mas concedeu 30 dias de prazo, ela terminará o exercício sem ter recebido nada.
Igualmente, se a empresa comprou seus produtos para pagar com 30 dias, seu caixa será aliviado pelo prazo obtido. De qualquer maneira, a firma ainda precisa pagar salários, alugueis, despesas fixas, etc. Enquanto ela aguarda o recebimento das vendas a prazo, terá que pagar as contas com capital de giro.
Qual a relação do capital de giro com o fluxo de caixa?
Agora imagine que a empresa do exemplo fez 60% das vendas à vista e 100% das compras a prazo. Seu fluxo de caixa ficará assim:
Entrada Bruta | 60.000,00 |
Deduções | 5.000,00 |
Entrada Líquida | 55.000,00 |
Custo dos Produtos Vendidos | 0,00 |
Resultado Bruto | 55.000,00 |
Despesas Operacionais | 35.000,00 |
Resultado Operacional | 20.000,00 |
Despesas Financeiras | 8.000,00 |
Resultado Financeiro | 12.000,00 |
Imposto de Renda | 6.600,00 |
Fluxo de Caixa | 5.400,00 |
Sob tal política de recebimento, a empresa está fazendo uma ótima gestão financeira, pois seu saldo de caixa é positivo. Assim, quanto maior o fluxo de caixa, menor a necessidade de capital de giro. A relação entre fluxo de caixa e capital de giro é inversa, ou seja, maiores fluxos exigem menor capital. De igual maneira, se a empresa produz baixos fluxos de caixa, maiores volumes de capital de giro serão necessários.
Para provar isso, imagine agora que a empresa do exemplo receba apenas 30% das vendas à vista. No caso, o restante será recebido em 30 dias, suponha ainda que 10% dos custos serão pagos à vista.
Recebimento Bruto | 30.000,00 |
Deduções | 5.000,00 |
Entrada Líquida | 25.000,00 |
Custo dos Produtos Vendidos | 3.000,00 |
Resultado Bruto | 22.000,00 |
Despesas Operacionais | 35.000,00 |
Resultado Operacional | -13.000,00 |
Despesas Financeiras | 8.000,00 |
Resultado Financeiro | -21.000,00 |
Imposto de Renda | 6.600,00 |
Fluxo de Caixa | -27.600,00 |
Sob a nova política de prazos, a empresa precisa de R$27.600,00 no fim do mês para saldar suas contas. Ou seja, a relação é comprovada, quando se reduz os prazos de recebimento. Menores fluxos foram gerados e maiores volumes de capital de giro são necessários.
Como conciliar a gestão do capital de giro com a necessidade de se aumentar o fluxo de caixa?
A relação do fluxo de caixa com o capital de giro é inversa, mas um não cresce sem o outro. Imagine que uma empresa tenha R$20 mil para usar como capital de giro, sendo assim, existe um teto seu faturamento. Quando o capital de giro se esgotar, a empresa não pode adquirir mais insumos e, portanto, não pode vender mais.
O ideal então é que o capital de giro cresça, mas sem prejudicar o caixa. Já que o capital de giro de terceiros, vêm acompanhado de juros, os quais reduzem fluxo de caixa.
Leia aqui como expandir seu fluxo de caixa
Como a obtenção de capital de giro da forma errada pode reduzir o fluxo de caixa?
Se a empresa só vende a prazo e desconta todos os títulos antecipadamente, seu custo financeiro crescerá junto ao faturamento. De igual forma, se a firma obtém capital de giro a altas taxas, o fluxo de caixa será prejudicado. O ideal é obter fluxos de caixa a taxas baixas e em modalidades flexíveis.